Os 5 pilares dos dataspaces

Janeiro 02, 2025

Para facilitar a troca segura de dados entre organizações, os dataspaces se tornaram uma pedra angular da estratégia corporativa. Mas todas as empresas estão prontas para embarcar nessa jornada? Como membro fundador do GAIA-X, da Associação para Mediação de Dados (AID) e pioneira na área com o Agriconsent, a Orange Business compartilha cinco questões-chave a serem feitas antes de dar o primeiro passo.

Dataspace vs datalake

Ao contrário de um datalake, que copia os dados para um único silo, um dataspace é um ambiente onde diferentes fontes de dados podem ser organizadas e interconectadas, com os dados permanecendo sob o controle do proprietário. O dataspace permite que os dados sejam securizados, gerenciados e analisados de maneira consistente, mesmo que provenham de sistemas diferentes.

As trocas de dados são rastreadas e securizadas entre os participantes por meio de um ambiente digital confiável.

Fonte: A Digital Future for Europe, Conselho da União Europeia, Fevereiro de 2024

1. Qual é o interesse comum em seu ecossistema?

O primeiro requisito para um projeto de dataspace é que todos os participantes de um determinado setor (grupos privados, entidades públicas, startups, PMEs, institutos de pesquisa etc.) compartilhem uma visão e interesses comuns. Seja na eficiência energética da indústria, aproveitamento dos dados de Observação da Terra no espaço ou compreensão das audiências nos meios de comunicação: os benefícios comuns são incentivar a colaboração, até mesmo entre concorrentes, e ajudar a superar o medo de perder o controle sobre os próprios dados.

O Gaia-X, uma iniciativa europeia que tem a Orange como um dos 22 fundadores, visa a fortalecer a confiança em torno dos dataspaces, federando ecossistemas de nuvem interoperáveis. Os dados são compartilhados em ambientes digitais seguros, com os usuários mantendo o controle sobre o acesso e uso dos seus dados. O objetivo é criar "bens digitais" que, em última instância, fortalecerão todos os setores de atividade.

"Para investir em um projeto de dataspace, as empresas devem compartilhar questões comuns, como o combate às mudanças climáticas e a concorrência de outros continentes."

Antoine Maisonneuve, Chefe de Desenvolvimento de Novos Produtos, Orange Business

2. Estão sendo identificados casos de uso específicos do setor?

Cada setor tem seus próprios casos de uso. No setor agrícola, por exemplo, o compartilhamento de dados pode ser utilizado para garantir a rastreabilidade dos alimentos e comungar boas práticas no cultivo e criação. Com essa necessidade em mente, a Orange Business desenvolveu a plataforma Agdatahub, criando um sistema de identidade digital descentralizada baseado em infraestrutura de blockchain e hospedado em uma nuvem pública segura. Com o Agdatahub, os agricultores podem vincular sua identidade à identidade de sua fazenda para garantir a confiabilidade, segurança e rastreabilidade das trocas de dados que acordaram.

"O desenvolvimento do Agdatahub foi impulsionado não apenas pelo setor público, mas também por grandes players do campo agrícola europeu. Isso inclui cerca de 2 mil organizações e 390 mil agricultores só na França! Esse desejo de retomar o controle dos dados agrícolas gerou diversos casos de uso, como a melhoria da rastreabilidade de produtos, o que também interessa a outros setores, como o varejo."

Alain Berry, Diretor de Projetos de Dataspace & Desenvolvimento de Negócios Espaciais, Orange Business

3. Os dados de todas as organizações estão padronizados?

Depois de definir quais dados trocar e qual "modelo de negócios" adotar, ainda é necessário concordar com uma linguagem comum. Nem todos os sistemas geradores de dados são interoperáveis, e as tipologias, organização ou linguagem de processamento de dados permanecem heterogêneas. Um motivo adicional é o desenvolvimento de programas europeus que subsidiam projetos de dataspace que incluem o trabalho de harmonização de dados. Ferramentas de troca de dados, como as oferecidas pela Orange Business, possibilitam a criação desses catálogos comuns.

"Todos em um dataspace devem falar a mesma língua. Em paralelo com o Agdatahub, o setor agrícola tem trabalhado para padronizar e harmonizar seus dados em catálogos comuns."

Antoine Maisonneuve

4. Como o dataspace deve ser administrado?

Um projeto de dataspace sustentável depende de um ambiente digital confiável, ou seja, da aliança de vários players e do envolvimento de parceiros técnicos que garantem sua confiabilidade. Iniciativas como o Gaia-X reúnem provedores de serviços de nuvem e uma ampla gama de usuários: estamos desenvolvendo dataspaces junto com Dawex, AFP, France Télévisions e Prometheus-X.

"Esses projetos geralmente são governados por uma terceira parte independente com fortes habilidades técnicas, capaz de criar e gerenciar o dataspace de forma técnica. A Orange Business, como líder de setor, deve monitorar os padrões, casos de uso e a segurança dos dados."

Alain Berry

5. Quem tem direito de acessar os dados?

Os dataspaces europeus atendem à necessidade de soberania dos dados para evitar tanto vazamentos entre concorrentes quanto a captura de dados por atores da "Big Tech". Os pilotos de dataspace devem, portanto, oferecer serviços suficientemente seguros para garantir a identificação dos usuários, obter seu consentimento para compartilhar esses dados e garantir a integridade, segurança e rastreabilidade desses dados. Atestar que todos tenham controle sobre seus próprios dados significa garantir que os benefícios do compartilhamento sejam iguais entre os participantes.

"O dataspace cria um mercado entre quem possui os dados e quem precisa deles. É essencial que o compartilhamento e a criação de valor sejam equitativos. É assim que o projeto beneficia todos, mesmo em um ambiente competitivo."