Em plena era da automação e da inteligência artificial, a maioria (73%) dos líderes de tecnologia ainda gasta metade ou mais de seu tempo na manutenção de redes. É o que aponta o estudo Global Networking Trends Report and Survey, realizado pela Cisco com 2.000 líderes de TI e rede do mundo. O número reforça a dificuldade desses profissionais em migrarem para funções mais estratégicas associadas à transformação digital.
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Departamentos de tecnologia mais focados em estratégias de negócio são um imperativo em tempos de inovação acelerada, mas como os executivos e líderes do setor podem trilhar esse caminho se “perdem” tanto tempo apagando incêndios? “No Brasil, inclusive, esse número foi maior que o mundial”, ressalta Marco Sena, diretor de vendas de soluções de nuvem da Cisco para a América Latina. “A área de negócios ainda vê o departamento de TI como complicador dos processos, inferindo lentidão nas demandas de negócio.”
Mas a transformação digital não é mais questão de fazer ou não, ressalta o executivo. Já é atributo básico, de sobrevivência. Nesse cenário, a TI deve passar de centro de custo para um departamento estratégico, sem, no entanto, deixar de atender demandas rápidas e necessidades que exigem mais da rede agora e no futuro do que quando ela foi instalada.
A mobilidade é um exemplo. O trabalho remoto se expande no mundo ao mesmo tempo em que a necessidade de conexões seguras fora do perímetro persiste. IoT representa outra perspectiva desafiadora: até 2020, serão mais de 6 bilhões de dispositivos conectados. Gerir manualmente tantos sensores em aplicações comerciais, como plantas fabris, é um trabalho bastante complexo. “Essas demandas todas não estavam previstas nas redes, o que gera impactos enormes de segurança. Em IoT, 70% das brechas são geradas por erros humanos, e mesmo assim 95% dos clientes continuam fazendo configurações manuais”, pondera Sena. “Essa complexidade toda faz com que 75% do orçamento dos clientes vá para a operação e o gerenciamento das redes atuais. Metade do tempo e três quartos do orçamento.”
Automação como chave
Não surpreende que o estudo da Cisco mostre um interesse crescente dos gestores por tecnologias de automação, inteligência artificial e redes intuitivas. São 72% os que planejam implantar recursos de IA nos próximos dois anos, e 94% os que acreditam que terão redes WAN definidas por software (SD-WAN) no mesmo período.
Além da facilidade do processo, a automação diminui erros humanos, aumenta a agilidade e reduz a complexidade da integração de soluções. Cada vez que um mesmo dispositivo entra na rede, as políticas definidas permitem sua configuração automática, seja determinando para onde vão os dados ou que tipo de segmentação será exigida por segurança.
O passo seguinte da transformação digital são as chamadas redes intuitivas, ou redes baseadas em intenção (Intent-based Network). Elas são capazes de identificar prioridades, ou seja, que pessoas e aplicações são mais determinantes para o negócio e merecem mais velocidade ou segurança de tratamento.
Redes baseadas em intenção podem, ainda, identificar e mostrar onde estão os gargalos: nos dispositivos, nos servidores ou nos storages. Dessa forma, a gestão de TI é capaz de resolver falhas por meio de scripts automáticos e criar “vacinas” contra falhas semelhantes.
Mercado atual e evolução
Em que ponto está o mercado brasileiro [ou latino-americano] na jornada de dados para uma rede mais inteligente e automatizada é uma pergunta que se impõe, mas é considerada secundária pelo executivo da Cisco. Isso porque é natural, diz, que tecnologias que dispensem o controle humano levem tempo para serem amplamente adotadas. “Eu andaria de carro autônomo, mas no primeiro momento não no banco de traz lendo jornal. Primeiro no banco da frente, prestando bastante atenção”, exemplifica Sena, aos risos. “Diria que o primeiro passo [da jornada] é, quando a empresa for investir em renovação da infraestrutura, comprar equipamentos de redes baseadas em intenção e automação.”
O custo desses equipamentos é basicamente o mesmo de gerações anteriores, ressalta o especialista. Há as naturais vantagens de performance, mas produtos preparados para automação, IA, predição e analíticos pavimentam um caminho seguro para a transformação digital. “Enquanto a automação vai mudar drasticamente o dia a dia do gestor, usar analytics vai reduzir o tempo que ele leva para achar problemas da rede. Esse é o segundo passo. O terceiro é começar a automatizar rotinas manuais de determinados departamentos. E por último vamos para o software defined”, descreve.
Essa jornada de dados descrita por Sena vai ao encontro das cinco fases do negócio rumo à automação das redes descrita pela Cisco. São elas:
- Reativa: operação manual, com reação a incidentes baseada em alertas do negócio
- Responsiva: respostas a incidentes baseadas em alertas da rede
- Proativa: monitoramento ativo da rede e dos dispositivos conectados
- Preditiva: processos automatizados e prevenção de incidentes antes que aconteçam
- Otimizada para o Negócio: regras baseadas em políticas e predição automatizada das necessidades do negócio.
Segundo o estudo da Cisco, apenas 28% das empresas ouvidas estão nas duas últimas fases, muito embora 78% planejem alcançá-las nos próximos dois anos.
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