Um dos consultores de TI mais respeitados do Brasil, ele é fundador da Lozinsky Consultoria, empresa parceira da IT Mídia na pesquisa "Antes da TI, a estratégia", que afere investimentos de CIOs das maiores empresas brasileiras em tecnologia; e criador da pesquisa "Jornada do CIO: da realização pessoal à transformação de negócios", publicada por sua empresa e destinada a traçar, anualmente, o perfil dos responsáveis pela transformação digital nas maiores empresas do país.
A pandemia do coronavírus acelerou a transformação digital e, com isso, tornou-se impossível dissociar a TI do core business das empresas. Diante da adoção do modelo híbrido de trabalho (alternando entre a atuação presencial e remota), o aumento do e-commerce e o uso cada vez maior da jornada de dados, a área assumiu um papel estratégico nos negócios. E isso trouxe novas exigências e pressões para os líderes de tecnologia.
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Qual é, então, o papel do líder de TI nesse novo cenário? É uma das perguntas que Sergio Lozinsky procura responder diariamente. Um dos consultores de TI mais respeitados do Brasil, ele é fundador da Lozinsky Consultoria, empresa parceira da IT Mídia na pesquisa "Antes da TI, a estratégia", que afere investimentos de CIOs das maiores empresas brasileiras em tecnologia; e criador da pesquisa "Jornada do CIO: da realização pessoal à transformação de negócios", publicada por sua empresa e destinada a traçar, anualmente, o perfil dos responsáveis pela transformação digital nas maiores empresas do país.
Nessa entrevista exclusiva ao blog da Orange Business, Lozinsky se debruça sobre a transformação do líder de TI, que deixa de ser um “tirador de pedidos” para as demais áreas da empresa e assume um papel estratégico para os negócios. Trata, ainda, dos desafios de gestão de pessoas que o modelo híbrido de trabalho pode trazer.
Orange Business: Qual foi o impacto que a aceleração da transformação digital dos últimos meses teve no papel do CIO?
Sergio Lozinsky: O primeiro impacto foi no papel da tecnologia dentro da empresa, com uma percepção mais clara da sua relevância estratégica para o negócio. Na esteira disso, o papel do CIO se ampliou bastante, mas também foi colocado em xeque, justamente pelo reconhecimento dessa relevância. As empresas se tornaram mais críticas para avaliar se ele estaria à altura do desafio.
Orange Business: De que modo isso se deu?
Sergio Lozinsky: Começou pelo aspecto mais operacional. Era necessário deixar a empresa funcionando bem remotamente, e nesse momento as questões de segurança que foram priorizadas. Porém, depois dessas semanas, a discussão passou a ser de negócios: como ampliar o mercado, ganhar terreno. Logo depois a questão se tornou mais complexa, com a necessidade de mexer em sistemas, dar mais velocidade aos processos. Ao longo de todo esse tempo, o grau de prontidão da TI pôde ser melhor avaliado pelos executivos, que associaram a qualidade da entrega à capacidade e à visão do CIO. Esse peso, em alguns momentos, foi até um pouco injusto, porque o passado da empresa em investimentos em tecnologia contou muito para que essa prontidão pudesse existir. Mas foi, de fato, a capacidade do CIO de colocar a empresa em condições para enfrentar essas mudanças que pesou na revisão de seu papel.
Orange Business: Diante dessas transformações, quem é o CIO do presente, e quais as habilidades que ele precisa ter para os desafios do momento?
Sergio Lozinsky: As empresas vão procurar um CIO que tenha um perfil de entendimento de negócios. Sua bagagem em tecnologia é importante para que ele seja um bom montador de equipes, um bom contratador de serviços. E ele também tem que entender onde está a arquitetura de TI no momento em que ele é contratado, para ser capaz de saber até onde poderá levá-la, seja sozinho ou com o auxílio de assessorias. Ele tem que ser um membro do corpo executivo da empresa, com alto nível de decisão, e não um técnico que age conforme as decisões da liderança.
Orange Business: Se o perfil do líder mudou, é razoável pensar que o desenho das equipes deve mudar também, correto?
Sergio Lozinsky: Sim. A equipe de TI é um elemento crítico para o sucesso da empresa. É claro que ela não deve ser vista como algo que está acima de outras áreas igualmente essenciais, como comercial ou operações, que também precisam de equipes de primeira linha. Em TI, porém, o líder não pode depender somente de especialistas em determinados assuntos, a equipe deve ajudá-lo a navegar pelas diferentes frentes do negócio. É a área que interage com todas as demais de maneira mais profunda: há questões comerciais, de relacionamento com o cliente, de logística, e o líder precisa das melhores soluções para serem adquiridas ou desenvolvidas para cada um desses temas. A boa notícia é que não precisa ser tudo internalizado: pode ser criado um ecossistema constituído pelas assessorias que valem a pena ser contratadas conjuntamente com os conhecimentos que a TI precisa ter e reter em casa.
Orange Business: Hoje a tendência é que as equipes migrem para o modelo híbrido de trabalho. Quais os desafios mais críticos para o CIO nesse formato?
Sergio Lozinsky: Equipes envelhecem, têm turnover, e por isso é importante recrutar jovens – especialmente se o líder pensa na equipe a longo prazo. O modelo híbrido é mais desafiador para a formação desse jovem profissional. O home office mostrou que as pessoas conseguem estar mais focadas, se tiverem disciplina, e podem até ter aumento de produtividade, mas tenho sérias dúvidas se a mentoria e a formação de talentos foi mantida nesse cenário. Quando se foca excessivamente nesse perfil de execução a partir do trabalho remoto, existe um risco real de obsolescência do profissional, que não encontra espaço para ser lapidado. A mentoria deve, ou ao menos deveria, ser visto como uma ação essencial para os líderes de TI.
Orange Business: Como você imagina o ano de 2021 para o líder de TI?
Sergio Lozinsky: Vai ser desafiador. As empresas aprenderam muitas lições em 2020. E agora que elas têm uma boa ideia do que fazer, a duvida é como fazer. Com quais recursos? Com que profundidade? São questões que precisam ao menos ser respondidas até o final de 2020. Uma vez desdobradas, elas vão se transformar em projetos complexos. Isso vai levar mais pressão e cobrança sobre o CIO. Isso se tivermos um 2021 como se está imaginando – com vacina contra a Covid-19, com um mercado reaquecido. Se seguir esse rumo, certamente será um ano de muito trabalho, que vai levar a capacidade do CIO ao seu extremo.
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