Mudar de uma empresa para outra deixou de ser algo negativo para se tornar uma característica geracional. Os espaços de trabalho e até as ferramentas que usamos neste ambiente também estão em constante transformação. Hoje, a tendência é avançar para espaços abertos, colaborativos, mais amigáveis e agradáveis em termos de design.
As ferramentas também não são mais as mesmas. Agenda, post-it e scanner foram transformados em softwares. Esse novo ambiente de trabalho, provido de diversas tecnologias, gera mudanças significativas também no que o colaborador acredita ser importante para poder desempenhar suas funções de forma satisfatória. Prova disso é que 94% dos jovens creem que a tecnologia oferecida pelo empregador será um dos fatores decisivos para escolher uma empresa para trabalhar, de acordo com pesquisa realizada pela Dimensional Research com pessoas nascidas entre 1995 e 2002. É neste contexto de mudanças, especialmente no campo tecnológico, que vivem os líderes das empresas atualmente.
O gestor precisa compreender as necessidades desse novo colaborador, que antes desejava estabilidade de décadas em uma mesma empresa, não importando tanto a qualidade do ambiente ou as muitas horas de trabalho em um mesmo local, mas que hoje, almeja conforto, ambiente agradável, liberdade para poder desempenhar suas atividades de forma criativa e relaxada, mas com responsabilidade e facilidade em termos de ferramentas de colaboração.
Muitas pessoas, portanto, estão deixando de desempenhar suas funções no espaço físico do escritório, passando a fazê-lo em modelos de teletrabalho ou home office, podendo ser até mais produtivos. Para o gestor, o desafio aqui se torna ainda mais profundo, pois ele precisa liderar - em todos os sentidos da palavra - equipes que estão geograficamente bastante dispersas.
Temos que reaprender a liderar. Não podemos conduzir equipes hoje com os conceitos de ontem. E isso requer trabalho, predisposição e aprendizado. Em primeiro lugar, o líder deve se auto avaliar honestamente e, se precisar mudar, reconhecê-lo. Nesse sentido, o papel do Departamento de Recursos Humanos é fundamental para acompanhar os gestores na transformação, recomendar treinamento e mantê-los informados sobre o feedback da equipe.
Pela minha experiência, ao gerenciar as equipes de teletrabalho, o líder deve prestar atenção às necessidades de treinamento e atualização que sua equipe pode precisar para se adaptar. Além disso, o gestor precisa confiar no time e saber que ele tem a capacidade de ser produtivo e demonstrar resultados, não importa onde estejam. Com o auxílio de tecnologias apropriadas, ele deve ser capaz de medir os resultados pelos objetivos alcançados, deixando para trás o conceito de cumprimento de número de horas no escritório.
Por fim, este líder precisa ser capaz de delegar com eficácia, conhecer e entender os pontos fortes e fracos de cada membro da sua equipe e ainda, incentivar o diálogo e a colaboração entre os membros, para que assim consigam produzir da melhor maneira. Todos estes pontos denotam que o gestor está apto a desenvolver uma ampla capacidade de se adaptar às mudanças e praticar uma escuta ativa das necessidades de seu time.
O mundo do trabalho continua e continuará a mudar. Mas enquanto nos preparamos para o futuro do ambiente corporativo, é fundamental que os líderes analisem hoje se estão inspirando seus times corretamente; se eles estão levando-os ao seu melhor, para tirar proveito de sua produtividade. Pois, caso o contrário, se continuarem ligados aos modelos anteriores, perderão a conexão com seus funcionários, sua confiança e, também, os melhores talentos.
George Paiva é gerente de Recursos Humanos para América Latina na Orange Business.